sábado, 3 de dezembro de 2011


Globo anuncia saída de Fátima Bernardes do Jornal Nacional

Patrícia Poeta será a companheira de bancada de William Bonner. Renata Ceribelli assumirá o Fantástico

Leo Pinheiro
Fátima Bernardes fala sobre sua saída na coletiva montada pela Rede Globo: Patrícia Poeta será a substituta Fátima Bernardes fala sobre sua saída na coletiva montada pela Rede Globo: Patrícia Poeta será a substituta (André Muzzel/AGNews)
Com Patrícia Poeta sentada ao lado de William Bonner, em uma bancada, a Rede Globo apresentou, na manhã desta quinta-feira, no Rio, a composição que a público brasileiro verá a partir de terça-feira no horário nobre da emissora, à frente do Jornal Nacional. Patrícia, que há cinco anos apresenta o Fantástico, foi a escolhida para substituir Fátima Bernardes na bancada do JN. Renata Ceribelli será a nova apresentadora do Fantástico. A dança das cadeiras foi discutida e decidida entre os homens fortes da emissora: o diretor geral de Jornalismo e Esporte, Carlos Henrique Schroder; o diretor da Central Globo de Jornalismo, Ali Kamel; e o editor chefe do Jornal Nacional Willian Bonner.

"Nós perguntamos para o Bonner qual o nome ele achava ideal para substituir a Fátima no JN, e ele falou na hora que achava que era a Patrícia Poeta. Foi um alívio porque eu e o Ali achávamos a mesma coisa. Depois disso nós encomendamos uma pesquisa nacional ao Ibope para saber o índice de aprovação do público à Patrícia. Como os índices de aprovação foram altíssimos nós não tivemos mais dúvidas", explicou Schoder.

Fátima Bernardes está há 14 anos no JN, dividindo com o marido, Bonner, a apresentação do noticiário mais importante da Globo – e líder de audiência no país. A jornalista não ficará muito tempo longe das câmeras. Provavelmente a partir de abril ela comandará um programa que, por enquanto, é mantido em sigilo pela emissora. "Hoje a nossa discussão aqui é sobre as substituições do Jornal Nacional e do Fantástico. Não adiantaremos nenhum detalhe, formato, horário ou data de estréia por questão de estratégia de mercado", declarou o diretor geral de Jornalismo. Segundo ele, Fátima vinha propondo o novo programa há quatro anos, e o projeto foi aprovado para a grade de 2012 em abril deste ano.
André Muzzel/AGNews
Patrícia Poeta e William Bonner: a nova dupla à frente do 'JN'
Patrícia Poeta e William Bonner: a nova dupla à frente do 'JN'

Na entrevista desta manhã, Fátima referiu-se ao programa como "a realização de um sonho". "No fundo eu achava que era muito difícil emplacar a ideia de um novo programa na grade da emissora. Não é fácil você imaginar que vai deixar o produto jornalístico de maior audiência do Brasil para buscar um sonho. De início era uma ideia que virou uma vontade enorme, até o dia que ele combinou para eu apresentar o primeiro projeto. Esse programa não é parecido com nenhum outro que está no ar. É um sonho antigo que eu vinha amadurecendo", disse Fátima, assumindo que em vários momentos sentiu um frio na barriga por deixar o JN.

Já Patrícia não disfarçava a ansiedade e a emoção de assumir a cadeira do telejornal mais importante da emissora. "Eu lembro quando o Schroder e o Ali me chamaram para uma conversa e fizeram o convite. Eu tomei um susto. Demorou um pouco para eu processar a informação. É uma honra aber que a partir de terça eu vou sentar naquela cadeira que por 14 anos foi ocupada pela jornalista mais querida do Brasil", discursou a nova apresentadora do JN com a voz embargada e os olhos cheios d'água.

Há mais de 15 anos à frente do JN, William Bonner tratou de tranquilizar a colega, lembrando da primeira vez que apresentou o telejornal substituindo o veterano Sérgio Chapelin. "Minutos antes de entrar no ar, eu perguntei para o Cid Moreira quando ele deixou de ficar nervoso na bancada do Jornal Nacional, e ele respondeu: 'nunca'. Então eu virei para ele e falei: 'Cid, eu estou nervosíssimo’. Ele respondeu com aquele vozeirão que também estava um pouquinho”, contou. Bonner também desejou sorte para Fátima e, no papel de marido, brincou: "Que coisa mais falsa é isso aqui", disse rindo. "Às vezes a gente tem que agir de maneira protocolar", emendou.

A passagem dos bastões será feita por etapas. Na edição desta quinta-feira, o Jornal Nacional anunciará a substituição de Fátima. Na segunda-feira, Patrícia será chamada durante o jornal, e a mudança será oficializada. Apenas na terça ela assume de fato as funções de editora executiva do telejornal e apresentadora ao lado de Bonner. A mesma sequência acontecerá no Fantástico. Patrícia apresenta o programa do próximo domingo, quando a substituição será anunciada. No domingo seguinte, ela volta ao Fantástico para passar o posto a Renata Ceribelli.

Fátima Bernardes disse que divulgará o novo programa somente no ano que vem. A jornalista, no entanto, adiantou que o programa terá formato jornalístico. "O que eu posso adiantar é que eu continuarei com funções jornalísticas. Até porque trabalhando há 25 anos nisso, eu não teria como fazer algo diferente”, disse.

http://veja.abril.com.br/noticia/celebridades/globo-anuncia-saida-de-fatima-bernardes-do-jornal-nacional

Os bastidores da separação, só profissional, de Fátima e Bonner

William Bonner chorou e a Globo resistiu à ideia, mas Fátima Bernardes bateu o pé: terá um programa matinal próprio

João Batista Júnior
Lailson Santos
Últimas notícias: Patrícia passa a dividir a bancada com Bonner, no lugar de Fátima: espectadores a consideram elegante e espontânea, mas ela terá de cortar o cabelo
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Patrícia passa a dividir a bancada com Bonner, no lugar de Fátima: espectadores a consideram elegante e espontânea, mas ela terá de cortar o cabelo
Como chefe, não podia concordar. Como marido, não tinha alternativa a não ser apoiá-la”, assim William Bonner descreve o momento em que cedeu, pela primeira vez, à decisão da mulher, Fátima Bernardes, de desmanchar a dupla mais conhecida do telejornalismo do Brasil. Foi no dia 1º de janeiro deste ano que a firmeza de propósito de Fátima, que cogitava fazer um programa próprio desde 2007, venceu a resistência de Bonner. Depois de tocar o projeto em segredo, temendo até que as felicitações pelo desempenho do Vasco, seu time, na verdade se referissem ao futuro programa (veja a entrevista na pág. 136), Fátima percebeu, em conjunto com a cúpula do Jornal Nacional, que não dava mais para manter o sigilo. Sorridente, com os cabelos impecáveis — e intocáveis, como se viu pela reação do público quando ela fez alisamento japonês —, ela anunciou a mudança na manhã de quinta-feira, ao lado de Bonner e de sua substituta, Patrícia Poeta, que troca o banquinho do Fantástico pela responsabilidade maior ainda da bancada do Jornal Nacional. Com o mesmo sorriso, mas atitude bem mais resguardada, Fátima nem cogita entrar em detalhes sobre as especulações de que o casal estaria se separando também na vida real ou de que os catorze meses de idade a mais que o marido começariam a pesar. “Todos sabem que estou radiante. Não existe luto”, diz.
Mudar para renovar é o nome do jogo de qualquer programa de televisão. O Jornal Nacional está no ar desde 1969, e Fátima e Bonner o apresentaram em conjunto durante treze anos e nove meses. Seguindo desejos detectados por pesquisas de opinião, Fátima e Bonner nos últimos anos imprimiram um ar cuidadosamente mais informal à apresentação das notícias. Passaram a se olhar e conversar mais e a se dirigir aos telespectadores de maneira mais pessoal. Um novo instrumento de comunicação, o Twitter, aproximou  Bonner de uma faixa etária mais jovem. Até a cor das suas gravatas virou motivo de brincadeira em rede. Além de administrar a rotina dos trigêmeos — com 14 anos, em pleno início de adolescência —, Fátima começou a deslocar seu foco de interesse. Queria fazer outro tipo de programa, menos noticioso e com pitadas de entretenimento, ao estilo dos matutinos da televisão americana. Em 2007, falou com a direção da Rede Globo, mas todos acharam que era cedo para uma mudança. Dois anos depois, quando o jornal estava para completar quarenta anos, sugeriu que sua saída fosse anunciada. Ouviu do chefe Carlos Henrique Schroeder, hoje diretor-geral de jornalismo e esporte: “É motivo de festa e você vai querer sair, Fátima?”.
A virada aconteceu em abril, quando a sinopse de um programa escrita por ela recebeu o sinal verde. A notícia foi dada a Fátima pelo diretor da Central Globo de Jornalismo, Ali Kamel. Em outubro, uma equipe comandada pelo diretor Guel Arraes passou a se encontrar uma vez por semana para formatar a atração. Outros integrantes eram Claudio Manoel, que fez a transposição da era Casseta & Planeta para uma posição importante, à frente de programas de humor, e o jornalista Geneton Moraes Neto, da Globo News. Reunidos na casa de um deles para manter o projeto em sigilo, discutiam ideias e assistiam a programas ameri-canos consagrados, como o Good Morning America, da rede ABC, uma atração matutina dirigida ao público feminino — motor da maioria das decisões de consumo. Outra inspiração para o grupo foi o extinto The Oprah Winfrey Show, que ficou no ar durante 25 anos. Numa guinada longamente planejada e copiosamente chorada, Oprah, de 57 anos, encerrou o programa em maio passado e se transferiu para um canal próprio de televisão a cabo. O programa matinal de Fátima, ainda sem nome, deve estrear em abril. Terá uma hora e será diário. O horário da manhã é aquele em que a Globo enfrenta competição mais acirrada. Entre 2006 e 2011, a audiência  caiu de 9,6 para 7,6 pontos. A da Record registrou aumento de 3,5 para 5,6 pontos. O programa mais afetado é o Mais Você, de Ana Maria Braga.
John Amis/AP
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Como Oprah Winfrey, Fátima confidenciou o desejo de “sair no auge”, apesar da resistência do marido. Neste ano, Bonner renovou seu contrato até 2018, e achava que Fátima deveria fazer o mesmo, argumentando, com razão, que formam o “casal-símbolo”. Só acabou aquiescendo na conversa mantida no primeiro dia do ano, pouco antes de uma viagem a Fernando de Noronha. “Embora apreensiva, ela me disse que estava decidida”, conta Bonner. “Pela primeira vez, cedi.” Ele chorou várias vezes enquanto era editado, numa área coberta de papel branco para manter o sigilo, o vídeo com os melhores momentos da carreira da mulher.
A escolha de Patrícia Poeta como a nova integrante do Jornal Nacional foi cercada de cuidados. A Globo encomen-dou pesquisas para testar a aceitação do nome de Patrícia, que é casada com Amauri Soares, diretor de projetos e eventos especiais da emissora. Elas mostraram que Patrícia desperta simpatia e confiança em todas as classes sociais com atributos semelhantes aos de Fátima: é informal, elegante, independente e “ao mesmo tempo mãe de família”. Meticulosa e aplicada, ela grava falas várias vezes se detecta uma alteração na voz ou uma mecha de cabelo fora do lugar. A exuberante cabeleira, porém, terá de perder alguns centímetros para se adaptar ao padrão JN. Vestidos festivos não entrarão mais no figurino profissional. O projeto de ter um segundo filho foi adiado “por enquanto”, diz ela. Se as mudanças provocarem tantos comentários como acontecia com Fátima, o interesse do público estará garantido.

É com você, Fátima
 

Quando foi a decisão de deixar o JN?
Há quatro anos, mas a emissora achou que era cedo. Concordei e participei de coberturas importantes, como a Copa da África e a eleição de uma mulher para presidente. Em abril, a sinopse do programa foi aprovada. Seis pessoas trabalham nela desde então.
Por que deixar o JN agora, ainda sem data de estreia do novo programa?
É impossível ser apresentadora e editora e, ao mesmo tempo, produzir uma atração nova. Quando foi fechada a decisão sobre o nome de Patrícia, há duas semanas, vi que estava na hora.
É difícil abdicar da bancada do telejornal mais importante do país? 
Sei que estava na posição mais cobiçada do telejornalismo brasileiro. Por muito tempo, tive até vergonha de assumir a vontade de ter um novo programa.
Como reage às especulações de que está se separando de William Bonner?
Seria possível pensarem nisso se eu tivesse sido retirada do jornal. Daí, poderia haver um luto. Mas todos sabem que estou radiante. Sinto como se tivesse tido um quarto filho.
O fato de seu marido ser um ano mais jovem pode ter feito alguma diferença para o público?
Quando entrei no JN, fazia coberturas de temas mais leves. Por isso, fiquei com a imagem de descontraída e ele, com a do chefe de jornal e pai de família. Mas a percepção sobre ele mudou. Quando surgiu o Twitter, ele canalizou ali seu espírito brincalhão. Os adolescentes descobriram um novo William. No tempo que teria para tuitar, eu estou ocupada em coisas como ver a agenda dos filhos para saber se preciso comprar cartolina.
Está ansiosa?
Passei meses trabalhando em segredo, com medo de ser descoberta. Até parabéns pela vitória do Vasco, meu time, me davam calafrios. Não contei nem para os parentes. O público se sentiria traído se não fosse o primeiro a saber.
Com reportagem de Renata Betti
http://veja.abril.com.br/noticia/celebridades/os-bastidores-da-separacao-so-profissional-de-fatima-e-bonner