quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Depois de Rita, quem se irrita?

claudia publicou em: setembro 27th, 2011


Entrei rapidamente no Twitter para agradecer pelo Rock in Rio, a fim de compartilhar a emoção que carrego no peito e  evitar ofensas de gente desocupada e insatisfeita consigo mesma. A gente atualiza a página e, no meio de tanto peixe bom, a rede traz quinquilharias. Preferi guardar este momento assim, sem mácula.
O fato é que estou muito feliz! Muito mesmo! Fizemos uma grande apresentação e estamos colhendo os louros. As pessoas falam pelas ruas de Salvador sobre o orgulho de terem uma baiana naquele palco. Levar meu filho à escola tornou-se um evento. “Puxa, Claudinha, arrasou!” Recebi um monte de e-mails e mensagens de texto de amigos e artistas, parabenizando a mim e à minha equipe. Todavia, tão importante quanto fazer um show como este e receber tantas críticas boas, é saber que a Rainha do Rock do Mundo se comporta com a humildade que deveria ser peculiar a qualquer ser humano. Uma mulher especial como Rita Lee, uma artista completa, expor a si mesma por minha causa, é de fato uma razão para que eu esteja ainda mais crente.
Ok. Não gostar de Axé é normal! Anormal é achar-se superior porque conhece John Coltrane ou porque adora o Metallica. Procurem no Google sobre a história de um ariano que se achava superior aos judeus…
Há tanto por fazer. E pessoas com voz ativa, com acesso à internet, manifestam-se como se fossem melhores que as outras porque curtem o LED ZEPPELIN… Hein?
O desrespeito  é mais fácil de ser tolerado porque é uma atitude Rock and Roll? Não seria isso alienação? Liberdade é respeitar. Liberdade é conviver com as diferenças. Liberdade é ter opinião própria. Tudo o que representa o oposto disso não cheira bem.
Misturar meu Leite com preconceito e falta do que fazer ia dar em mer… rs Certamente, essas pessoas queriam estar na platéia do Rock in Rio, quiçá naquele palco.
Artistas internacionais vêm pra cá, mostram a bunda, atrasam-se por 2 horas pq estão dando uma festinha no camarim, não conseguem conciliar a respiração com o canto, não preparam espetáculos para o nosso povo, desafinam, enfim, pouco se importam conosco, querem beijar na boca, ir à praia e tomar nossa cachaça, e nós, que pagamos caro para assistir aos seus “espetáculos” em nossa terra, aplaudimos a tudo isso. Ah! É Rock! É Pop! É bom!
Sim! Eu sou uma cantora de AXÉ no Rock in Rio com muito orgulho. Foi através da música baiana, da minha luta diária, do apoio de gente honesta que trabalha tanto quanto eu, do meu talento e, sobretudo, da fé que tenho em Deus, que cheguei aquele palco.
Bem como aprendi em minha casa que é com muito trabalho e honestidade que se constrói a almejada vitória, sei que se faço questão de criticar de modo depreciativo o outro, ressalto minha insatisfação e insegurança comigo mesma! Enfim, fui convidada para fazer o Rock in Rio Lisboa e a próxima edição do evento aqui no Brasil em 2013. Será uma honra cantar para um público maravilhoso como este que esteve diante de mim na noite de sexta. Abaixo o desrespeito! Viva RITA LEE!
 http://www.blogdaclaudinha.com.br/2011/09/a-rita/

Apresentação de Claudia Leitte no Rock in Rio

Rita Lee defende apresentação de Claudia Leitte no Rock in Rio

Depois, a cantora elogiou a roqueira em seu blog: "A rainha do rock do mundo"
Rita Lee postou uma mensagem em seu Twitter defendendo Claudia Leitte. Na rede de microblogs, postou: "Não assisti Claudia Leitte. Meter o cacete no conforto do anonimato é fácil. Apresentar-se em ninho estranho não é para maricas." A cantora baiana foi alvo de algumas críticas na rede social na sexta-feira (23), noite de abertura.
Claudia publicou em seu blog uma homenagem a Rita, agradecendo o apoio. "Tão importante quanto fazer um show como este e receber tantas críticas boas, é saber que a Rainha do Rock do Mundo se comporta com a humildade que deveria ser peculiar a qualquer ser humano. Uma mulher especial como Rita Lee, uma artista completa, expor a si mesma por minha causa, é de fato uma razão para que eu esteja ainda mais crente. Ok. Não gostar de Axé é normal! Anormal é achar-se superior porque conhece Jhon Coltrane ou porque adora o Metallica (...) Viva RITA LEE!", escreveu Claudia.
"Eu sou uma cantora de AXÉ no Rock in Rio com muito orgulho. Foi através da música baiana, da minha luta diária, do apoio de gente honesta que trabalha tanto quanto eu, do meu talento e, sobretudo, da fé que tenho em Deus, que cheguei aquele palco. Bem como aprendi em minha casa que é com muito trabalho e honestidade que se constrói a almejada vitória, sei que se faço questão de criticar de modo depreciativo o outro, ressalto minha insatisfação e insegurança comigo mesma! Enfim, fui convidada para fazer o Rock in Rio Lisboa e a próxima edição do evento aqui no Brasil em 2013. Será uma honra cantar para um público maravilhoso como este que esteve diante de mim na noite de sexta. Abaixo o desrespeito!"
Segundo Rita, ela foi convidada a se apresentar, mas não aceitou o convite. "Não participo do Rock in Rio nem se Deus mandar. Não quero, não vou, não assisto. Sim, fui convidada, mas meu anjo da guarda disse 'deustelivreguarde'". A cantora se apresentou na primeira edição do festival, em 1985.

http://revistaquem.globo.com/Revista/Quem/0,,EMI268458-18477,00-RITA+LEE+DEFENDE+APRESENTACAO+DE+CLAUDIA+LEITTE+NO+ROCK+IN+RIO.html

Ivete Sangalo Fala da Apresentação de Claudia Leitte No Rock In rio

Ontem Claudia Leitte Representou O Brasil  brilhantemente bem No Palco do Rock In rio, Claudia foi a segunda apresentação do festival.

 O pais Parou para vê apresentação da Cantora Claudia leitte. Ivete Sangalo não estava Presente No Festival Mais assistiu tudo de sua Casa e Não deixou de Comentar sobre apresentação Claudia Leitte,ela comentou  em sua Conta Oficial no Twitter(Veja Na Imagem abaixo) dizendo'" VI Já Claudinha e agora katy" em seguida veio o elogio "Claudinha GATA".... Parabéns a Claudia Leitte que Brilho Muito No rock In Rio. isso só Prova que a Inveja de algumas Pessoas não atinge nossa  Lôra!

http://wwwesquadraocl.blogspot.com/2011/09/ivete-sangalo-fala-da-apresentacao-de.html

Rock in Rio muda orientação e permite entrada de alimentos

27/09/2011 19h37 - Atualizado em 27/09/2011 19h48


Antes, era proibido levar alimentos e bebidas não alcoólicas.
Orientações gerais foram atualizadas no site oficial do evento.

Do G1 RJ
chuva rock in rio (Foto: Tahiane Stochero/G1) 
Guarda-chuva está proibido, por isso público optou
por capas de chuva (Foto: Tahiane Stochero/G1)


O Rock in Rio mudou nesta terça-feira (27) a proibição à entrada de alimentos e bebidas não alcoólicas na Cidade do Rock. Conforme a assessoria de imprensa, as orientações gerais foram atualizadas e a proibição foi retirada do site oficial do evento.

“Não tem problema levar um sanduíche ou uma garrafa de refrigerante para consumo próprio. O que não pode é levar uma bolsa cheia de sanduíches para vender sem autorização. Isso será barrado”, afirmou a assessoria do Rock in Rio.

Continua proibida a entrada de equipamentos de gravação, máquinas fotográficas profissionais, objetos cortantes, caixas, objetos pirotécnicos, isopor, capacetes, skates, patins, guarda-chuvas, substâncias tóxicas, bebidas alcoólicas, revistas, jornais, bandeiras e faixas.

http://g1.globo.com/rock-in-rio/2011/noticia/2011/09/rock-rio-muda-orientacao-e-permite-entrada-de-alimentos.html

Etiqueta no trabalho


Siga as dicas dos experts para não pisar na bola em seus e-mails



Apesar de ser um pedido, o tom do texto é autoritário, 'o que provavelmente vai gerar má vontade', diz o consultor Carlos Alberto Paula Motta, autor de 'Como Escrever Melhor' (Publifolha, 72 págs., R$ 20). A mensagem eletrônica exige mesmo concisão, mas isso não significa que a pessoa deva ser lacônica. Erro número dois: o remetente não identifica no corpo do e-mail a quem a mensagem se dirige, nem faz um fecho de cortesia. Poderia começar com 'Senhor Ricardo', simplesmente 'Ricardo' ou, ainda, com saudações do tipo 'olá', personalizando e, o que é melhor, aproximando o texto da linguagem falada.



Muitas palavras e... dúvidas. 'A pessoa não explica o que quer e peca pela imprecisão', diz Motta. Não precisa ser prolixa, mas não se deve sonegar informações. 'Vá direto ao assunto e tente não deixar perguntas sem resposta.' Essa mensagem revela mais insegurança do que respeito; erra também no desfecho, já que o e-mail não traz uma assinatura que identifique claramente o remetente, seu cargo ou o departamento no qual trabalha, seu telefone e e-mail.



'Se o expediente da empresa começa às 8h, não há tempo hábil para mudar a agenda enviando tal mensagem no final do dia anterior. Além disso, nunca se sabe com certeza quando o e-mail será lido', diz a consultora Edmea Neiva. Em situações assim, é melhor acertar tudo por telefone ou pessoalmente. O remetente também poderia ter se comunicado melhor. 'Um título bem formulado dá o recado completo.' No lugar do lacônico 'Mudança de horário', seria mais apropriado deixar bem claro o assunto de que trata o e-mail: 'Proposta de adiamento da reunião das 8h30 de 13/12'.


Mensagens assim ficam totalmente fora do contexto profissional. 'Deve-se evitar o uso de exclamações e abreviaturas do tipo 'tô', 'q', 'vc' e 'rs'. Além de ser inadequado, ninguém tem obrigação de entender que 'f-d-s' significa fim de semana', diz Motta. Uma linguagem afetiva ou mais informal cabe apenas em e-mails particulares. Sempre é melhor identificar o interlocutor pelo nome e, no final, usar um 'atenciosamente' para situações formais, um 'muito obrigado(a)' nas informais e 'um abraço' quando existir um certo grau de afetividade.
Ilustração: Caio Borges
http://revistamarieclaire.globo.com/Marieclaire/0,6993,EML1673014-8857-3,00.html

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Corey Taylor, do Slipknot, fala sobre o motivo das máscaras - 2000 (legendado Brasil)

Aprenda a falar de improviso


Economia, Carreiras em 13.04.2007

Falar de improviso. Assim como ocorre com a maioria das pessoas, talvez essa também seja uma das suas maiores aspirações.
Imagine este quadro: você está rodeado de gente, sem a mínima noção de que alguém poderia ter a 'brilhante' idéia de convidá-lo a se apresentar -e é chamado para falar em público de improviso!
Veja se este não é um sonho que merece ser acalentado.
Mesmo tomado de surpresa, sem nenhum preparo, você, diante de uma circunstância tão adversa, tendo condições de falar com desembaraço, muita desenvoltura e conseguindo alinhavar o pensamento, concatenando as idéias com tranqüilidade e competência.
Vou lhe contar um segredo: realizar esse sonho de falar de improviso em qualquer situação de maneira segura e eficiente é mais simples do que você talvez esteja imaginando. Basta seguir os passos que vou sugerir neste texto.
Saiba antes o que significa falar de improviso
Falar de improviso, diferentemente do que algumas pessoas imaginam, não significa falar sem conhecer o assunto. Se uma pessoa se atreve a falar em público sem ter informações sobre o tema que irá transmitir, o adjetivo mais benevolente que poderíamos lhe atribuir é o de irresponsável.
Quem fala sem conhecimento do conteúdo que pretende transmitir põe em risco sua imagem e reputação. Assim, se você for convidado para falar sobre um assunto que não conhece e não tiver tempo suficiente para estudá-lo, a atitude mais sensata é recusar o convite.
Da mesma forma, um dos erros mais graves que você poderia cometer é o de se sentir tão seguro e confiante para falar em público e negligenciar a preparação, passando a refletir sobre o assunto que irá expor apenas no momento em que já estiver frente a frente com os ouvintes.
Por isso, de todos os recursos com os quais poderá contar para se sair bem numa apresentação os mais importantes serão sempre o preparo e o domínio do conteúdo.
Agora que já chamei a atenção para esses aspectos que considero fundamentais para uma boa apresentação em público, podemos tratar do conceito e das técnicas do improviso.
Falar de improviso significa falar sem ter preparado de forma conveniente a apresentação.
Suponha que você esteja em uma reunião ou em um evento e é convidado para falar sobre determinado tema. Embora o assunto não lhe seja estranho, você terá de estruturar o pensamento e organizar a seqüência da exposição ali diante dos ouvintes. Essa é uma situação que identifica a fala de improviso.
Veja quais são as técnicas que poderão ajudá-lo a se sair bem em momentos como esse.
Fale antes sobre um assunto de seu domínio
Antes de desenvolver o tema que é a matéria central da sua apresentação, fale a respeito de um assunto que conheça com bastante profundidade e que tenha alguma ligação direta ou indireta com o conteúdo que deverá transmitir.
Esse assunto de apoio, que você domina, poderá ser uma notícia que esteja acompanhando com interesse, fatos que tenha presenciado, cenas dos filmes que foram marcantes, passagens de livros que tiveram significado especial, viagens que realizou, desafios que enfrentou, conquistas que experimentou, temas relacionados à sua atividade profissional ou ao seu passatempo preferido. Enfim, qualquer assunto sobre o qual possa falar com segurança e tranqüilidade.
Depois de discorrer algum tempo sobre esse assunto de apoio, você deverá encontrar uma maneira de fazer a transição para o assunto principal.
Nesse momento você poderia questionar: Polito, mas o ouvinte não vai perceber o artifício? Se você agir de maneira correta, não. Veja onde está o segredo.
É natural que ao falar você saiba quais as etapas que cumpre na apresentação. Saberá quando faz a introdução, a preparação, o desenvolvimento do assunto central e a conclusão. Entretanto, os ouvintes receberão a mensagem como sendo uma só, desde o princípio até o final.
Ora, como você fala com desembaraço e desenvoltura ao abordar o assunto de apoio, pois é uma matéria de seu domínio, o ouvinte, recebendo a mensagem como sendo uma só desde a introdução até a conclusão, terá a impressão de que o seu domínio é da informação toda. Na verdade, você conhece bem o assunto de apoio, e talvez apenas superficialmente o tema principal.
Resumindo: fale antes sobre o assunto que você conhece bastante e depois ligue com o tema que talvez não conheça tanto, e que é o objetivo da sua exposição.
Alguns cuidados sobre o uso do assunto de apoio:
• Não desenvolva o assunto de apoio por tempo demasiado, para não dar a impressão de que ele é mais importante que o tema principal;
• escolha como apoio aquele assunto que você conheça muito bem. Não caia na armadilha de optar por um assunto para apoiar a apresentação apenas pelo fato de existir algum tipo de ligação entre ele e o principal;
• não passe de maneira abrupta do assunto de apoio para o tema principal;
• não dê a impressão de estar 'enrolando' ou 'enchendo lingüiça', pois não é esse o objetivo da técnica do improviso.
Tenha em mente que o assunto de apoio deverá servir para que os ouvintes o vejam como alguém que conhece bem o tema da apresentação e também para auxiliá-lo a organizar de forma mais criteriosa e correta a seqüência da fala.
Outras funções do assunto de apoio
Mesmo sabendo que a objetividade é cada vez mais requisitada, pois com a vida corrida que levamos não sobra tempo para ouvir exposições muito longas, secar conversa pode ser visto como atitude de gente chata.
Um bom orador nem sempre é aquele que já nos primeiros instantes da exposição entra diretamente no assunto que pretende transmitir.
O orador de qualidade, às vezes, para tornar sua apresentação mais interessante, mais estimulante, mais atraente, mesmo conhecendo bem o tema que irá apresentar, separa o assunto e procura preservá-lo. Atinge essa finalidade usando como apoio um assunto que lhe é muito familiar.
Ao abordar um assunto preliminar, de seu conhecimento, cria uma expectativa adicional nos ouvintes, deixando-os mais interessados em receber as informações da mensagem principal.
Observe o desempenho dos grandes oradores. Note que a maioria deles se vale de assuntos que conhece muito bem para preparar de maneira mais apropriada suas apresentações e torná-las ainda mais interessantes.
Procure seguir o exemplo desses oradores. Antes de apresentar o assunto central da sua mensagem, analise se não poderia se valer do apoio de um assunto que conheça muito bem, e que tornasse sua exposição mais instigante.
Se os assuntos forem ligados um ao outro de forma natural, poderá dar a impressão aos ouvintes de que se trata de uma só mensagem e tornar a apresentação muito mais atraente.
Também serve para o improviso
Além dos assuntos de seu conhecimento que você poderá lançar mão como recurso para as falas de improviso, será possível contar também com os fatos que tenha observado pouco antes do momento da sua apresentação.
Por exemplo, você poderá iniciar citando uma notícia que tenha ouvido há pouco durante o trajeto em uma emissora de rádio, ou um fato curioso que tenha lido no jornal pela manhã, ou ainda um diálogo que manteve com alguns ouvintes pouco antes da apresentação.
Esses assuntos atuais darão a você mais confiança, por serem recentes. E por causa dessa atualidade, provavelmente, serão ainda mais estimulantes para os ouvintes.
Esses são apenas alguns dos recursos com os quais você poderá contar para fazer bem os improvisos. Saiba, todavia, que quanto mais você conhecer o assunto da sua apresentação, mais seguro se sentirá diante do público e mais eficiente será a sua comunicação.
Por isso, por mais irônico que possa parecer, prepare-se cuidadosamente para que possa fazer cada vez melhor seus improvisos.
SUPERDICAS DA SEMANA
• Tenha sempre na 'manga' um assunto de apoio para falar de improviso
• Use como apoio notícias recentes para tornar o improviso mais interessante
• O assunto da conversa que manteve há pouco pode ser um ótimo apoio para o improviso
• Mesmo que a chance seja remota, pense no que dizer se for convidado a falar de improviso
→ Livro de minha autoria que trata desse tema: 'Como falar de improviso', Editora Saraiva

Reinaldo Polito
é mestre em ciências da comunicação, palestrante e professor de expressão verbal. Escreveu 15 livros que venderam mais de 1 milhão de exemplares

Aprenda com Lula - o mestre da oratória



Economia, Plano de Carreira em 29.09.08
Sei que vou mexer num vespeiro. Muita gente já correu com a faca entre os dentes para ler o texto e cair de pau no autor, só porque eu disse para aprender com Lula -o mestre da oratória.
Outro tanto, sem me conhecer bem, já prepara um papelzinho para pôr num altar e fazer pedidos para que eu tenha vida longa e feliz - só porque eu disse para aprender com Lula -o mestre da oratória.
Não há meio termo nessa história. O sentimento quase sempre é de amor ou de ódio. Em todo caso, vou procurar ser só professor de oratória para explicar os motivos que levam Lula a angariar tanta popularidade e ser tão querido.
São dados das últimas pesquisas. Ao conquistar quase 80% de aprovação pessoal Lula transformou-se num dos maiores fenômenos políticos de todos os tempos. Já comecei a sentir algumas abelhas picando, mas vamos em frente.
Há algum tempo, o senador amazonense Arthur Virgílio, líder do PSDB no Senado e um dos mais ferrenhos e competentes opositores do governo Lula, disse nas Páginas Amarelas da 'Veja': 'O presidente Luiz Inácio Lula da Silva é um líder de massas, o maior que o país já teve desde Getúlio Vargas. Ele sempre foi identificado com causas populares. É o principal protagonista da história das eleições presidenciais. O carisma dele é inegável'.
Fernando Henrique Cardoso, que tem todos os motivos para enxergar Lula com os olhos críticos, pois passou os dois mandatos levando bordoada do opositor, e, por isso, vive trocando farpas com seu sucessor, já disse com outras palavras o mesmo que Arthur Virgílio. Revelou em uma de suas palestras que seu maior mérito político havia sido o de vencer Lula, um líder carismático.
Gostando ou não do presidente Lula, não há como negar que o 'cara' é fera! Analise comigo. Mesmo tendo sido massacrado pela imprensa durante um ano inteiro por causa do escândalo do mensalão, conseguiu o 'milagre' de receber votos de mais de 60% da população. Eu não consigo pensar em outra pessoa no mundo inteiro que conquistasse façanha semelhante.
Sabemos que depois de algum tempo no poder o governo vai perdendo um pouco do encanto e sua imagem fica desgastada. Afinal, é impossível cumprir todas as promessas feitas durante a campanha eleitoral.
Lula quebra essa regra. Passados cinco anos, sua aceitação pessoal continua intacta, ou melhor, em alta. Repito - quase 80% de aceitação pessoal. Parece que acabou de sair dos braços do povo que o elegeu pela primeira vez.
A oposição não sabe para onde correr. Vive atrás de 'um fato novo' para virar o jogo. Entretanto, entra dia, sai dia e o 'homem' continua, como dizia o ex-ministro Magri, imexível.
Alguns adversários argumentam que seu sucesso é devido àqueles que se beneficiaram do bolsa-família. Outros, inconformados, arrancam os cabelos -como é que alguém nasce assim com o 'bumbum virado pra Lua?'
E é verdade. Vai ter sorte assim lá em Garanhuns. Exceto a turbulência recente, nunca a economia mundial foi tão favorável como nos últimos anos. E de quebra a descoberta dentro do nosso quintal de uma das maiores bacias petrolíferas do mundo - no seu governo.
Temos de reconhecer, entretanto, que essas vantagens ajudam, mas com ou sem elas Lula teria apoio popular. Sabe por quê? Ele é um craque na oratória. Sabe como tratar as massas e se identificar com o povo.
Lula traçou um plano de ação vencedor. Conseguiu 'colar' a imagem de que pertence ao povo, ora como paizão, ora como mais um brasileiro comum. Quando lança uma medida popular é o pai protegendo seus filhos. Quando é atacado, se junta ao povo como um igual para se defender das 'elites' opressoras.
Pesquisas recentes mostraram dados alarmantes. 50% dos brasileiros não sabem onde fica o Brasil, 84% não têm idéia de onde está a Argentina e 97% não conseguem localizar a França no mapa. Em interpretação de textos somos um dos últimos colocados no mundo. Ou seja, vivemos num país inculto e despreparado.
Aí entra a melhor face da capacidade de comunicação do Lula. Ele sabe usar uma linguagem que as pessoas conseguem entender, por mais incultas que sejam. Lula conta histórias, lança mão de metáforas, brinca, compara assuntos econômicos com futebol. Tudo com uma simplicidade que entra na cabeça dos eleitores e vai direto ao coração.
Quando fala para empresários ou investidores estrangeiros, embora o discurso mantenha a mesma leveza, a mensagem se reveste de dados econômicos e financeiros que mostram o bom desempenho do país. Isto é, um discurso na medida certa para cada tipo de ouvinte.
Parodiando o próprio Lula - nunca antes na história desse país apareceu um político que soubesse usar tão bem a comunicação a seu favor como ele. A análise é simples e direta, Lula sabe como ajustar o discurso de acordo com o perfil, a característica e as aspirações dos ouvintes.
Dá para aprender oratória com ele. Se nós soubermos usar a comunicação apropriada para os diferentes tipos de ouvintes, com a competência demonstrada pelo Lula, o resultado das nossas ações será muito melhor e mais eficiente.
Portanto, essa é a lição de casa: aprender a falar bem como o Lula. Mesmo que você não goste muito dele. Não sou eu que estou dizendo, são seus próprios opositores.
SUPERDICAS DA SEMANA
·        Analise as características dos ouvintes e adapte seu discurso a eles
·        Conquiste empatia. Faça com que os ouvintes se vejam na mesma situação que você
·        Revele como sua mensagem atenderá as aspirações dos ouvintes
·        Use uma linguagem apropriada a cada tipo de platéia
http://www.reinaldopolito.com.br/portugues/artigo.php?id_nivel=12&id_nivel2=155&idTopico=883
0

domingo, 25 de setembro de 2011

Locução feminina no Youtube

Fluminense FM

Rádio Fluminense FM

Rádio Fluminense Fm 94,9 Mhz By Pídio Alves

A Revolução das FMs

Com música e humor, abre-se uma nova era do Rádio
(Revista Veja, Editora Abril, 27 de junho de 1984)
"Atenção, turminha do balanço, atenção, rapaziada do pedaço, gente alegre e feliz, muita atenção. "Um beijo para você, feia". e ouça essa. Primeiros acordes. Música no ar. E dá-lhe Blitz, dá-lhe Djavan, Michael Jackson, conjunto Queen... Curtiu essa gatinha? Gostou, garotão? Então, tem mais. E tome Lionel Ritchie, dá-lhe Lulu Santos, Kid Abelha e seus Abóboras Selvagens...."Este som sai daqui de cima e vai cair na sua cabeça". Dá-lhe Barão Vermelho, dá-lhe João penca e seus Miquinhos Amestrados. "Agora, diga-me, conte-me tudo, não me esconda nada".
Está no ar a mais nova revolução nos meios de comunicação brasileiros - a das rádios FM, ou freqüência modulada. Com frases como estas, disparadas em alta velocidade e voz macias por seus incontroláveis locutores, e as músicas mais explosivas das paradas de sucesso, as FMs invadiram de vez a vida dos brasileiros, estão moldando seus gostos, criaram milhões de ouvintes e, com uma participação crescente no mercado publicitário, fazem girar alguns bilhões de cruzeiros. "Este som sai daqui de cima e vai cair na sua cabeça", entoa Otávio Ceschi Júnior, um dos mais celebrados locutores da Rádio Cidade de São Paulo, na linguagem própria e universal das FMs. "Conte-me tudo, não me esconda nada", ecoa Fernando Mansur, da Rádio Cidade do Rio de Janeiro. E vai-se em frente , Jovem , solta, alegre, a faixa FM do rádio - aquela em que o locutor César Filho, da Bandeirantes FM de São Paulo, manda seu beijo para as feias - assumiu definitivamente o papel de injetar animação entre os brasileiros e cuidar para que seja sempre alto o seu astral.
As FMs são hoje responsáveis por uma ebulição que o mundo da comunicação eletrônica não conhecia desde o surgimento da televisão no Brasil, no início da década de 50. Das menos de dez emissoras existentes há quinze anos, passou-se hoje para nada menos de 469, espalhadas pelos 4 cantos do país, das quais pelo menos 100 nos últimos cinco anos. Até a remota ilha de Fernando de Noronha, na costa norte do país, tem uma emissora de FM. Novas rádios surgem à razão de vinte concessões por mês, num ritmo em crescente aceleração - e sê prevê que logo seja completada a cota máxima de 1050 canais autorizados pelos acordos internacionais de radiodifusão. Trata-se de um mundo que, por qualquer ângulo que se olhe, revela seu viço. "As FMs, hoje, já estão empatadas em audiência com suas irmãs AMs, as rádio tradicionais, e em algum tempo devem condenar as segundas ao desaparecimento", diz o presidente da Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão, Joaquim Mendonça, também diretor das rádios Eldorado AM e FM, de São Paulo.
No Maracanãzinho - No mercado publicitário, as FMs ainda são minúsculos combatentes quando se considera sua participação no total das verbas: elas ficam apenas com 1% do total de 3 trilhões de cruzeiros previstos para este ano, quantia que em sua metade será abocanhada pelas televisões. Sua participação nesse bolo, porém, cresce continuamente. E, mais revelador ainda, elas exibem uma saúde que outros veículos não possuem. No ano passado, o faturamento real das FMs cresceu em 4%. Foi o único setor, no ramo das comunicações, que conseguiu bater a inflação de 211% em 1983. As verbas destinadas às televisões, nesse mesmo ano, caíram em 31%, e o faturamento das rádios AM diminuiu 35%.
Prova de vitalidade do império em expansão que constituem as FMs são as promoções que ultimamente vêm sendo patrocinadas pelas emissoras mais festejadas. Ainda no mês passado, a Rádio Cidade do Rio de Janeiro - a líder de audiência entre as cariocas - reuniu mais de 20 mil pessoas no Maracanãzinho, na comemoração de seu sétimo aniversário. outra prova é a ascensão de seus locutores mais bem-sucedidos à condição de ídolos populares, um pouco à maneira dos animadores de rádio de antigamente, embora seja apenas sua voz, e não os seus rostos, que a maioria dos ouvintes conhece. Tanto quanto para ver o conjunto Blitz, Lulu Santos ou Erasmo Carlos - algumas das atrações presentes -, o público que lotou o Maracanãzinho, na festa da Rádio Cidade, na festa da Rádio Cidade, estava ali para observar, em carne e osso, seus locutores de sua predileção, gente como Eládio Sandoval (aquele que diz sempre: "Sem maldade"...), Jaguar (aquele que se despede prometendo: "Amanhã, volto no gogó da Cidade"), ou Fernando Mansur.
Sandoval, de 38 anos, Jaguar (ou Jaguarussu da Silva), de 37, e Mansur, de 32, com salários de quase 2 milhões de cruzeiros mensais - altos, para o setor - formam o trio de ouro da Cidade. Enquanto isso, em São Paulo, ocorrem fenômenos como a vertiginosa ascensão de Serginho Leite, de 27 anos, o mais popular dos apresentadores da Jovem Pan 2 FM, uma das mais poderosas do "pedaço", como diriam os locutores desta nova geração, capazes de criar um tipo de empatia único com seus ouvintes. Não só um locutor, mas também músico e humorista, Serginho Leite especializou-se na composição de canções satíricas (ele é autor de Creuzinha Montoro, com que respondia ao sucesso de Neuzinha Brizola) e na imitação de artistas e política. E não só costuma se apresentar em shows em que, sozinho, lota o teatro do Palácio das convenções do Anhembi como, recentemente, lançou um LP.
Avião sem asas - Em contraposição ao predomínio das vozes masculinas na maioria das FMs, já há alternativas como o time de mulheres montado pela Rádio Fluminense, do Rio, também chamada de "A maldita", ou " O Rato que Ruge". Só vozes femininas - num total de sete locutoras - que se revezam no microfone da Fluminense, que tem outra especialidade: só toca rock. Surpreendente é que a emissora tenha conquistado um público cativo, e desponte num quinto lugar no Ibope carioca, sem o apoio de uma grande estrutura. Ao contrário por exemplo da Rádio Cidade, pertencente a um grupo poderoso - o grupo Jornal do Brasil - a Fluminense surgiu como a aventura isolada de seu diretor Luís Antonio Mello, de 29 anos. " A Fluminense é um avião voando sem asas e sem motor, mas com um monte de passageiros dentro", diz Mello.
O mundo das FMs á assim mesmo: ágil, inquieto, surpreendente. Como explicar seu sucesso? Na raiz de tudo, para começar, há o aspecto técnico: o som da FM é muito melhor do que as velhas AMs, com as quais o brasileiro se acostumou desde o final da década de 20 ao operar em ondas sonoras mais largas, as FMs contornam com muito mais facilidade perturbações elétricas como relâmpagos, interruptores e motores. À pureza do som soma-se a vantagem dos custos: colocar no ar uma emissora FM é muito mais barato do que colocar no ar uma AM. Hoje, com 160 0u 170 milhões de cruzeiros - o preço de um apartamento de 4 quartos, nas maiores cidades brasileiras -, pode-se montar uma emissora FM. "Rádio FM é um ótimo negócio", assegura Antonio Augusto Amaral de Carvalho, o "Tutinha", diretor da Jovem Pan FM, a emissora líder de audiência em São Paulo. " O custo de manutenção é pequeno e o retorno é alto".
Sem ambições - Na verdade, sempre se soube que as FMs eram melhores em som e mais vantajosas em custo. Isso já estava claro desde o surgimento da emissora pioneira no Brasil, a Rádio Imprensa, fundada em 1956, no Rio de Janeiro e em São Paulo, pela empresária carioca Ana Khoury. O problema é que, se apresentam a vantagem e limpidez do som, as FMs também apresentam uma desvantagem: o alcance reduzido. Ao propagar ondas sonoras sempre em direção horizontal, tal como a televisão, e não refleti-las na ionosfera, como as emissoras AM, as FMs são incapazes de contornar obstáculos geográficos como vales e montanhas.
Assim, seu alcance fica reduzido a, na melhor das hipóteses, um raio de 100 quilômetros - e, numa época em que os empresários de rádio pensavam sobretudo na expansão de seu alcance para o maior público possível, isso tornava o negócio pouco atraente. Acresce que, até menos de 10 anos atrás, pouquíssimos eram os aparelhos de rádio produzidos no brasil capazes de captar a faixa de FM. Com isso, ficava-se sem saber muito o que fazer com a freqüência modulada. Ou, então, ela era usada sem muitas ambições, como ocorria com a própria e pioneira Rádio Imprensa - seu esquema, até hoje, é fornecer o fundo musical para bancos ou escritórios, em troca de um pagamento mensal. A revolução das FMs começou com a popularização dos aparelhos de rádio capazes de captar sua freqüência. Primeiro com aparelhos de som que incluíam um receptor FM, e depois com os rádios de automóvel, começou a invasão. Hoje, segundo José Nivaldo Amstladen, assessor de marketing da Bosch - maior fabricante de rádios de automóveis no Brasil -, quase 80% da frota brasileira está equipada com receptores de FM. A própria Bosch, na esteira do desinteresse do mercado, parou de fabricar, em 1977, auto-rádios que captassem apenas emissoras de AM. Em termos de produção de receptores domésticos, a expansão da FM foi igualmente avassaladora: oito em cada dez rádios produzidos no Brasil já vêm hoje com o sintonizador de freqüência modulada.
Simultaneamente, enquanto as televisões, mais e mais, se tornavam um veículo nacional, os empresários de rádio passaram a perceber que o mercado regional não era um negócio tão fraco assim. Se a televisão, crescentemente, ampliava seu alcance, e representava custos cada vez mais alto para os anunciantes, por que não oferecer-lhes a alternativa de um veículo mais barato e de público mais localizado? O raciocínio mostrou-se correto na prática, mas para a definitiva explosão das FMs, ainda faltava um passo. E esse passo tem data e local precisos: foi dado em 1977, no Rio, com a inauguração da rádio Cidade. De repente, aparecia uma emissora que não se limitava a enfileirar três, quatro, cinco músicas seguidas e anunciá-las com uma voz impessoal. Pela primeira vez no Brasil, seguindo o estilo popularizado nas congêneres dos EUA, apareciam nas FMs locutores soltos, sempre com o humor em plena forma, hábeis em combinar vozes de veludo com uma permanente eletricidade na locução. Eles estabeleciam um contato direto e estimulante com o público - e, ainda por cima, apresentavam apenas os grandes sucessos, e não a música repousante que fazia o grosso da programação até então.
Na realidade, o que aconteceu - e isso tem fundamental importância, neste processo todo - foi a FM que descobriu o jovem. Foi a partir desse público, embalado em sua música saltitante e no estilo à vontade de seus locutores, que as rádios de freqüência modulada cresceram, e é nele que se apoiam até hoje. "A FM veio preencher uma lacuna na comunicação com o jovem ", diz Cláudio Pereira, diretor de mídia da Salles Interamericana, uma das maiores agências de publicidade do país. Subproduto da sisuda Rádio Jornal do Brasil, onde jamais se permitiria um jeito tão informal no ar, a Cidade marcou uma presença que até hoje é a mais forte no Rio de Janeiro. "Sem dúvida, a melhor transmissão de FM do Rio é a Cidade", orgulha-se seu diretor Nelson Batista Neto.
Ocorre, no entanto, que a Cidade não está mais sozinha. No rastro de sua descoberta da potencialidade do público jovem, lançaram-se virtualmente todas as emissoras de sucesso do país. Em São Paulo, até 1980, a Rádio Jovem Pan 2 FM transmitia no velho esquema: uma programação previamente gravada, com um mínimo de interferência do locutor. Então surgiu a Manchete, com um estilo parecido ao da Cidade do Rio, e a emissora teve de mudar. "Com a entrada da Manchete, com um locutor ao vivo, delineava-se a briga do cinema mudo com o cinema falado", compara Tutinha, diretor da Jovem Pan. "Claro que tivemos de mudar para o cinema falado". No "cinema mudo" - ou seja, no velho esquema das gravações -, permanecem apenas uns poucos remanescentes de peso, como a Rede Transamérica, que opera sem locutor no estúdio e tem até um a hora certa dada por um sinal de computador. Não há dúvida de que o público de FM é constituído, sobretudo, por jovens. Segundo dados da Leda - empresa de pesquisas que faz levantamento de apoio aos anunciantes -, 71% das pessoas entre 15 e 29 anos, em São Paulo, têm o hábito de ouvir FM. Já na faixa dos 40 aos 65 anos, apenas 22% das pessoas ouvem a freqüência modulada. São números que se repetem de maneira parecida por todas as cidades brasileiras - e é por isso que, que não só no Rio e em São Paulo, mas em toda a parte, se repete o fenômeno das emissoras FM voltadas principalmente para o público jovem. Em Londrina, no Paraná - pois as FMs, hoje, marcam o tom não apenas dentro como fora das capitais do Estado -, a emissora líder de audiência, a Rádio Folha de Londrina, apoia-se exatamente no mesmo esquema de música movimentada, de preferência americana, e brincadeiras de locutores. Também como a grande maioria das capitais ,a Folha de Londrina realiza suas promoções - e ainda recentemente patrocinou um concurso para eleger a Garota Folha FM. Mais de 150 candidatas desfilaram no Country Club local, e a vencedora, Sandra Vanzo, de 16 anos, definiu, de maneira assumida e extremamente apropriada: "Eu sou da geração FM".
EMISSORAS PIRATAS - A atmosfera da juventude que marca a explosão das FMs está presente, inclusive nas pessoas que as dirigem. Nelson Baptista Neto, da Cidade do Rio, tem apenas 32 anos. Já o Tutinha, da Jovem Pan de São Paulo, tem menos idade ainda - 28. E há o caso de um diretor de rádio de apenas 24 anos, Marcelo Campos de Almeida, responsável pela Rádio Estácio do Rio - emissora pertencente à universidade Estácio de Sá. "O mercado de FMs é promissor", diz Marcelo - e, dada a volúpia com que os jovens se lançam a ele, não há nenhuma dúvida de que é mesmo. O fato é que a "geração FM" às vezes não se contenta em ouvir : também quer fazer rádio. E, como nem todos têm a sorte de fazê-lo de forma legal e regular, como Marcelo, não são os poucos os que apelam para um fenômeno quase tão efervescente quanto a própria expansão das FMs: a formação das rádios piratas. No município de Sorocaba, em São Paulo, por exemplo, mais de 40 emissoras surgiram e desapareceram, nos últimos sete anos. favorecidos pela topografia irregular da cidade, que dificulta a localização de suas emissoras, os jovens de Sorocaba têm na pirataria radiofônica um hobby quase tão freqüente quanto o de ouvir rock.
Ainda agora, está operando na cidade a Rádio Black Panther, que faz suas aparições às terças e quartas-feiras, na hora da Voz do Brasil - exatamente os dias de folga do garoto de 15 anos que a opera. " É muito simples montar um transmissor de FM", diz o jovem, que comprou o seu equipamento na Alemanha e se recusa a divulgar o seu nome de medo da vigilância do Dentel - o órgão do Ministério das Comunicações encarregado de supervisionar as transmissões de rádio e Tv. Na Black Panther se faz exatamente o que se faz nas outras FMs - toca-se música jovem e brinca-se com os ouvintes. Até agora, a emissora manteve-se a salvo das oito estações fixas e dezessete móveis - montadas em caminhões e kombis - mantidas pelo Dentel para rastrear as emissoras no Brasil.
O mundo das FMs é variado e difundido pelo país afora. Nele convivem cadeias poderosas, como a da Rádio Cidade, hoje formada por outras cinco emissoras, além da matriz carioca, e um empreendimento como a Rádio Educadora, do município paranaense de Alto do Piquiri, onde os dois únicos locutores ganham salário mínimo. Ao lado do poderosíssimo sistema Globo, proprietário de seis emissoras ao redor do país - inclusive duas no Rio de Janeiro, a Globo FM e a Rádio 98 - pode florescer um empreendimento ousado e inventivo como a Rádio Fluminense. Essa variedade, facilitada tanto pelos custos baixos como pelo alcance regional a que necessariamente estão presas as emissoras, possibilitou um dos fenômenos mais benéficos da explosão das FMs: o florescimento de um meio de comunicação que surge na comunidade, e volta-se especificamente para ela. Ao mesmo tempo em que a complexidade e os altos investimentos exigidos pela televisão fazem-na pensar sempre em termos nacionais, com as FMs reverte-se o processo, e volta-se a pensar na escala do município.
Empresas fortes tem surgido no interior do país, e um exemplo disso é o que acontece em Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro. Surgida há quatro anos, a Rádio Melodia, de Petrópolis, hoje tem trinta funcionários, opera 24 por dia e exibe um faturamento que, situado hoje nos 20 milhões de cruzeiros mensais, aumenta constantemente. O empreendimento abriu os olhos para um mercado fecundo e logo a Melodia terá uma concorrente - a Rádio Diário Petrópolis, programada para entrar no ar antes do fim do ano. A base da programação da Melodia é a música. Já a Diário de Petrópolis pretende atacá-la pelo flanco,e valorizar o jornalismo. "Quero fazer uma rádio viva, ligada à comunidade", diz Paulo Antônio Carneiro Dias, proprietário da nova emissora. Com isso, ativa-se a concorrência e a comunidade só tem a ganhar.
Se a regionalização e a valorização do interior são lados mais positivos da explosão das FMs, há um aspecto que tolda o seu caminho: a política de concessões que vem sendo seguida pelo governo. Nem sempre ficam com as rádios, quando são abertas as concorrências, os grupos mais qualificados. Ao contrário, a concessão de FMs virou moeda política, de larga circulaçãoentre os protegidos do governo e os políticos do PDS. Com isso, ameaçam-se o profissionalismo e o rigor técnico que o negócio, como qualquer outro, deveria possuir.
Teoricamente, a concessão de um canal de emissora FM obedece normas de uma concorrência aberta, e a primeira coisa que o interessado tem de fazer é consultar a portaria em que o Ministério das Comunicações, em 1983, relacionou os municípios onde existe disponibilidade. As complicações começam com a 'exigência de uma numerosa papelada - e é por isso que surgiram no país escritórios como o Plantel, de Brasília, ou o Teletec, de São Paulo, especializados em representar o interessado junto ao Dentel. Nem mesmo so serviços de escritórios, porém, hoje são suficientes. "A única coisa que podemos fazer é orientar o candidato a procurar um político de peso e de bom trânsito junto aogoverno para ajudá-lo", revela o advogado Hélio Siqueira, do Teletec. Ou seja: o que precisa mesmo é pistolão. Pessoas ligadas à oposição raramente se verão contempladas. "Hoje em dia, quando o Dentel abre um edital para uma emissora, a pedra já está cantada", diz Décio Chaves, advogado do Sertel, outro escritório especializado em concessões.
Outro fator de sombra sobre as FMs, insistentemente lembrado por seus críticos, é a programação repetitiva que, a partir da descoberta do Mercado Jovem, passou a dominar quase todas as emissoras. "O que se observa é um fenômeno de repetição de estilo", diz Washington Olivetto, diretor de criação da agência DPZ. Ou seja: segundo essa visão, a descoberta dos jovens que fez a força das FMs, sria também a sua fraqueza, na medida em que todas correram para o mesmo público e não oferecem alternativas para o ouvinte. De fato, a mesmice das programações se reproduz portoda a parte. "A continuar a pasteurização das FMs", adverte outro publicitário, Antonio Luis de Freitas, da agência paranaense Exclan, "a saída para as agências será programar apenas as rádios quye estão em primeiro lugar".
Pesquisa de Campo - Qual a solução? O fato é que, se existe uma programação que está dando certo, todos correm para ela - e isso é quase inevitável. Em quase todas as emissoras brasileiras, repete-se o mesmo esquema de selação de músicas, e todas elas têm, por exemplo, na revista BillBoard, o mais autorizado compêndio das paradas de sucesso americanas, a sua bíblia. O mundo das FMs criou satélites como a empresa Fidelidade Enterprises, dirigida em Miami por um brasileiro, Hélio Rocha, que junta em fitas os sucessos recém-saídos do mercado americano e já vende seus pacotes para cerca de cinquenta emissoras brasileiras. No afã de estar sempre sintonizado com o gosto dos ouvintes, há emissoras que saem a campo procurando auscutar o público sobre as suas preferências musicais. É o que faz a Rádio Caetés, do Recife, que mantém uma equipe de pesquisadoras - As garotas da Caetés -, encarregadas de, com pranchetas na mão, percorrer os bairros da cidade.
A mesmice da programação que resulta dessa corrida tem porém uma solução que muitos vislumbram a médio prazo: a gradativa diversificação das emissoras, que tenderiam a se aproximar do modelo seguido hoje pelas mas. "Por que não colocar o programa do Zé Bétio na FM"?, pergunta Reynlado Wilke, gerente de mídia da agência MPM, referindo-se a um dos programas caipiras mais populares de São Paulo. Wilke mesmo responde que as FMs não fazem isso porque nasceram em "berço elitizado", ou seja, em meio a alguns poucos e caros aparelhos receptores. Hoje, porém, qualquer radinho de pilha já as sintoniza, e por isso não é difícil prever que surjam emissoras mais populares, ou então dedicadas a um tipo de programação específico - o jornalismo, por exemplo.
O presidente da ABERT, Joaquim Mendonça, prevê que breve emissoras se dedicarão a irradiar jogos de futebol. E então, com seus custos mais baixos e seu som mais puro, as FMs empurrarão as mas para a definitiva aposentadoria, tal como já ocorreu com as antigas emissoras de ondas curtas. Nesse dia em que as FMs estiverem mais diversificadas em suas programações, novos públicos serão acrescidos à sua esfera. Enquanto isso, os jovens poderão continuar com suas faixas em que ouvem Blitz, Michael Jackson e Lulu Santos, e um locutor os adverte: "Este som sai daqui de cima e vai cair na sua cabeça".

A história do Rádio AM


PALAVRAS-CHAVE: história + rádio, "Preserve o Rádio AM", rádio + Brasil, rádio + origem.

Alexandre Figueiredo
As atuais gerações não conhecem a história do rádio AM, um rádio que trouxe muita emoção para as pessoas, mas tem muita razão de sobra para ser um patrimônio cultural do país. Além disso, o rádio AM viveu momentos áureos que certamente não fazem parte das "10 mais" de FM alguma, seja "top" ou "lanterninha".
A história do rádio AM está descrita aqui em dados que são periodicamente atualizados e ampliados. É um pequeno tributo a uma história de mais de 70 anos que não podem ser esquecidos nem apagados da memória.
Qualquer contribuição, correção, crítica ou sugestão pode ser feita mandando uma mensagem para nós. Acolheremos a mensagem e faremos todo o possível para melhorar e atualizar este site em homenagem a este espaço radiofônico que fez história na cultura e na comunicação do mundo.
Um detalhe: os comentários que ilustram os dados históricos são apresentados em formato itálico.
ÍNDICE DA HISTÓRIA DO RÁDIO AM NO BRASIL
1893 - ORIGEM DO RÁDIO - O gaúcho Roberto Landell de Moura descobre as transmissões de rádio. No entanto, o italiano Guglielmo Marconi é oficialmente tido como o criador do rádio. Uma polêmica comparável a de Santos Dumont contra os irmãos Wright. Clique aqui para saber um pouco da vida de Landell de Moura.
1919-1923 - Outra polêmica envolve o surgimento da primeira emissora de rádio no Brasil. Oficialmente se credita à Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, o pioneirismo, em 1923. Mas a Rádio Clube de Pernambuco (até hoje no ar), de Recife, quatro anos antes já realizou suas primeiras transmissões radiofônicas.
Anos 20 - Nessa época, o rádio funcionava sem fins comerciais. Não havia ainda a chamada publicidade no rádio, que só viria em 1927 e ganharia fôlego nos anos 30. Antes disso, haviam as chamadas "rádios clubes" ou "rádios sociedades", ou seja, rádios com programação elitista e raio de irradiação limitado, organizadas por pessoas da alta burguesia, que além de sustentarem as emissoras, forneciam suas coleções de discos, geralmente de música clássica.
1936 - Surge a Rádio Nacional, PRE-8, no Rio de Janeiro. Ela se tornaria um marco na história do rádio, com seus programas de auditório, suas comédias e suas radionovelas. Entre o final dos anos 30 e a primeira metade dos anos 50 a Nacional seria uma das líderes de audiência do rádio brasileiro, exportando sua programação, gravada e dias depois transmitida, em outras cidades brasileiras. Clique aqui para ler um texto do jornalista carioca Sérgio Cabral sobre o auge da Rádio Nacional.
1938 - Surge a Rádio Globo do Rio de Janeiro, que décadas depois seria a rádio AM mais popular do país, renovando o fôlego do rádio que havia sido abalado com o surgimento da televisão. Na época, estava vigente a ditadura do presidente Getúlio Vargas, denominada de Estado Novo, e o ditador aproveitou o poder do rádio (copiando a eficácia do veículo na propagação do nazismo na Alemanha) para desenvolver uma imagem positiva do governo, associada à cultura e os anseios imediatos do povo.
Década de 40 - Os anos dourados do rádio brasileiro. A ccultura brasileira viveu um de seus melhores momentos, apesar dos primeiros anos da década estarem relacionados ao duro governo do Estado Novo. Todavia, as canções populares e os programas de auditório tiveram seu grande período de criatividade e popularidade, fazendo do rádio, sobretudo da Nacional, um dos veículos mais prestigiados no Brasil. Muitos dos comunicadores, criadores e produtores que vieram fazer a história da comunicação e das artes surgiram neste período e alguns se encontram até hoje ativos no rádio e na televisão.
Década de 50 - Surge a televisão e o rádio é obrigado a se transformar. Surgem as primeiras transmissões de radiojornalismo e as transmissões esportivas, que apareceram nos anos 30, se multiplicam e ganham mais popularidade. Apesar da ameaça, o rádio AM, mesmo no final dos anos dourados e abandonando os programas de auditório que migraram para a TV, continuou forte e bastante popular.
1955 - Outra polêmica envolve a origem do rádio FM. A Rádio Clube reivindica o pioneirismo da Frequência Modulada já no final dos anos 30. A Rádio Imprensa, do Rio de Janeiro, veio nos anos 50. Em caráter experimental, a Rádio Imprensa foi fundada pela empresária Anna Khoury e nos primeiros anos sua transmissão era limitada às instalações da emissora. A Imprensa durou 45 anos, e na virada do milênio, em dezembro de 2000, foi extinta, dando lugar à Jovem Pan Rio, uma associação de Marlene Mattos, empresária da Xuxa, com o apresentador Luciano Huck.
Década de 60 - O rádio AM assume as caraterísticas atuaiis. No lugar dos programas de auditório, aparecem programas de variedades comandados por locutores de boa voz e excelente estilo comunicativo. Se popularizam os programas esportivos e os policiais e, num outro segmento, surgem as AMs de hit-parade, antecipando o formato "adulto contemporâneo" das FMs. A Rádio Tamoio AM, do Rio de Janeiro, era uma delas.
1969 - O Ministério das Comunicações havia surgido em 25 de fevereiro de 1967. Com a ditadura militar planejando um grande esquema de censura e manipulação ideológica, o rádio AM é incluído entre as instituições e pessoas físicas consideradas "subversivas". Surge o rádio FM, arma usada pela ditadura para promover a alienação da população, não somente pela programação musical, mas pelos arremedos de programação AM que eram transmitidos sobretudo no interior do país.
Anos 70 - O rádio AM, que era tido como "subversivo" em 1969, nos anos posteriores a 1974, quando a ditadura se afrouxou, através do governo Ernesto Geisel, passou a ser considerado como o rádio de "brega". Apesar disso, sua popularidade e credibilidade continuavam intatas e a juventude ainda ouvia as emissoras AM. Na segunda metade da década, o rádio FM entra num crescimento surpreendente, mas ainda não conseguiu ameaçar o universo das AMs.
Anos 80 / Primeira Metade - A princípio o rádio AM continua com popularidade similar a dos anos 70. Mas o rádio FM avança em popularidade crescente, sobretudo entre os jovens. A segmentação das FMs em estilos musicais diferentes começa a ser uma realidade, com rádios de adulto contemporâneo de diversos níveis, como o pop (que inclui música romântica e disco music) e o sofisticado (somente jazz, blues, soft rock e MPB), além da popularização das rádios de rock a partir da Fluminense FM (Niterói) e 97 FM (ABC paulista), entre outras.
Anos 80 / Segunda metade - O rádio AM, em 1985, sofre um duro golpe, tanto pelo esnobismo de jovens abastados, que tinham preconceito a coisas antigas, quanto pela politicagem, através das concessões de rádio e TV promovidas pelo governo Sarney a todos aqueles que, políticos ou não, apoiavam a politicagem da direita brasileira. Muitos donos de rádio FM, incompetentes para o rádio, acabaram expandindo os arremedos de rádio AM nas FMs.
1990 / 2000 - Época da promiscuidade do rádio. O rádio AM sofre um preconceito cada vez maior e a segmentação das FMs se dilui e, muitas vezes, se descarateriza em prol da mesmice do comercialismo. Os efeitos nocivos da politicagem do governo Sarney surgem, não apenas no rádio do interior do país, mas em muitas FMs "idôneas" que seguem um perfil neoliberal moderado.
2000 - Os tecnocratas e os populistas invadem o rádio FM. É certo que eles estavam presentes em algumas FMs desde a implantação do AI-5 e do "milagre brasileiro", no auge da ditadura. Mas é em 2000 que ocorre a invasão massiva de programação noticiosa prolongada e jornadas esportivas nas FMs, enquanto o rádio AM, sofrendo injustiças desde a ditadura, não conseguiu recuperar seu carisma diante do grande público na democracia atual.
2001 - Uma nova tecnologia pode surgir. É a tecnologia digital, que dará um som mais potente à Amplitude Modulada. Chiados e "pipocamento" serão eliminados e o som será tão bom quanto o FM. É prevista uma revolução radiofônica que pode reverter a migração da programação AM para as FMs, causando o processo inverso, e pode até atrair interesse de quem se recusava radicalmente a investir no rádio AM. Com o AM digital, um novo fôlego para o AM será enfim dado.
1 
http://www.geocities.ws/preserveoam/historia.html

Anna Khoury: O sonho dourado - 45 anos de Rádio FM no Brasil



PALAVRAS-CHAVE: "Imprensa FM", história + rádio, "Anna Khoury", história + "rádio FM", "Jovem Pan Rio".
 
A empresária Anna Khoury, fundadora das rádios cariocas Eldorado AM e Imprensa FM

Edoardo Pacelli
O Brasil perdeu, em 1992, uma das mais influentes mulheres no setor das comunicações e da informação: Dona Anna Khoury. Tenaz, combativa, resoluta, Anna Khoury pode ser considerada a equivalente feminina de Roquete Pinto e símbolo da luta de emancipação do universo feminino. (A história da radiodifusão no Brasil pode-se dizer, está dividida em duas etapas: antes e depois de Anna Khoury).
Carioca, era casada com Michel Khoury, um notável criador de peças em metais preciosos. Depois de ter desenvolvido seu papel de esposa e mãe, decidiu realizar o sonho que alimentava desde a infância: ser dona de uma emissora de Rádio.
Logo encontrou o primeiro obstáculo, pois a miopia dos representantes brasileiros na convenção de Atlanta, EUA (realizada em 1948), onde foram distribuídos os canais exclusivos de rádio no mundo, causou a carência destes canais ao Brasil. A freqüência determinada por certo País, além da potência de 100 Kw que, teoricamente, cobria o inteiro continente, não podia ser usada por outra nação.
Anna Khoury não desistiu; solicitou e obteve do Presidente da República, Eurico Gaspar Dutra, a permissão para entabular, em nome do Governo Brasileiro, negociações para a cessão de bandas de freqüência, junto a alguns países da América Latina.
Naquele tempo de pós-guerra, transmissores de rádio eram caros, importados e de difícil aquisição. A Argentina, a Bolívia e o Paraguai não tinham ainda conseguido instalar as emissoras a que tinham direito. Dona Anna Khoury, vislumbrando a possibilidade de compartilhar as freqüências destes países, mediante a redução de potência de transmissão para 20 Kw que permitiria a utilização sem interferências, conseguiu um acordo com aquelas nações. Uma emissora transmitindo em La Paz com 20 Kw, por exemplo, consegue cobrir toda a extensão da Bolívia, satisfazendo as necessidades de comunicação daquele País. A mesma freqüência de 550 Kc utilizada no Rio de Janeiro, cobre todo o Estado do Rio e grandes extensões dos estados de Minas Gerais e São Paulo, não chegando a ameaçar qualquer interferência na emissora boliviana de mesma freqüência.
Dessa forma, foi possível assinar um acordo bi-lateral entre o Brasil e a Bolívia, para a utilização de sua freqüência exclusiva. Acordos similares foram concluídos com o Paraguai e a Argentina. Em compensação D. Anna Khoury forneceu os equipamentos de transmissão para as respectivas nações. Para alcançar seu objetivo, D. Anna Khoury percorreu o continente, conseguindo trazer ao Brasil três canais e, como prêmio, recebeu o direito de possuir sua própria emissora que, para coroar seu sonho dourado, denominou "Rádio Eldorado" (*), emissora que se tornou conhecidíssima.
Mas as raposas estavam de atalaia. Obrigada a se associar com outro, Anna Khoury foi vítima dos jogos de poder do sócio, tanto que teve de ceder a emissora, mantendo, porém, a propriedade do nome Eldorado. Quem nasceu pioneira, todavia, não pode se render a uma derrota.
Aceitando o desafio, fundou, em janeiro de 1955, a Rádio Imprensa FM, a primeira emissora em modulação de freqüência do País (**) e, como sentia que sua tarefa era a de inovar, criou o serviço de música ambiente, que permanece no ar 24 horas, funcionando por assinatura, como canal privativo irradiado simultaneamente na mesma banda da emissora principal.
Aí nasceu o primeiro serviço de tele-difusão por assinatura: os receptores eram locados a clientes que ouviam música no ambiente de trabalho. A Rádio Imprensa FM tem o mérito, também, de ter realizado o primeiro transmissor construído no Brasil, devido às dificuldades de importação. E a própria emissora, com o comando de sua Presidente, teve de iniciar a primeira indústria de rádios receptores de FM.
Com programação exclusivamente musical, sem qualquer locução, a Rádio Imprensa era até 1976 a única emissora em FM no ar no Brasil. Somente 20 anos depois de sua inauguração, com o boom das FMs, surgiram as outras emissoras.
Anna Khoury continuará vivendo nos corações de quem teve a sorte de conhecê-la e admirá-la. Anna Khoury, a pioneira, a mulher que soube fazer de um sonho dourado, um Eldorado sonho.

NOTAS:
(*) Surgida em 1949. Atualmente sua freqüência é ocupada pela Rádio Viva Rio AM.
(**) Preservamos o dado do texto do autor, embora se saiba que a Rádio Clube de Pernambuco também reivindica o pioneirismo em transmissão em FM, datada de 1939.