1 VOZES FEMININAS COM RESPEITO NO AR
A voz feminina sempre encantou os ouvidos humanos e sempre foi cantada em
verso e prosa, ao longo dos tempos.
Apaixonante e caliente, a voz da mulher embala os mais ingênuos sonhos de
infância, nas histórias e cantigas de ninar que as mães, avós e tias contavam e
cantavam para suas crianças.
Nas fantasias e no folclore, lá está a voz feminina na figura da Sereia,
da Mãe D’Água, a seduzir os homens, hipnotizando-os.
Ao longo dos tempos a voz feminina se desenvolveu, cresceu e foi à luta.
Foi trabalhar fora. Fora do lar, dos livros de história, dos rios e das
cachoeiras e longe das vitórias-régias, que ouviam o chamado da Iara.
A voz feminina se emancipou; é isso mesmo! Saiu sozinha, - quanta
rebeldia, quanta independência! - e bateu às portas das rádios que foram
inauguradas no Rio de Janeiro e por aí afora, pediu emprego, mostrou seu valor
e foi logo aceita.
“A Voz do Rádio
Quem assistiu ao filme Radio days do
cineasta Woody Allen, se lembra da personagem interpretada pela atriz Mia
Farrow, uma aspirante ao estrelato no mundo glamouroso do rádio
americano na década de 40.
A jovem perseguia a carreira no rádio
mas esbarrava sistematicamente com um problema: a natureza de sua voz.
Aguda, esganiçada, cheia de alternâncias de tom e
saturada pelos mais diversos cacoetes da fala, aquela voz era tudo o que não
poderia ser a voz do rádio.
Após várias tentativas frustradas em
situações rocambolescas, a jovem finalmente realiza seu sonho, submetendo-se ao
infalível adestramento de sua voz, modificando-a completamente.
O que Woody Allen mostra em tom
de comédia é um dos principais postulados da linguagem radiofônica: a
preponderância daquele modelo apelidado de “voz de autoridade”.
Mesmo hoje, considerando o
desenvolvimento dos canais de comunicação radiofônico, este modelo se impõe
como padrão de verdade afirmativa, poderosa.
Em seu interessante estudo sobre a
Genealogia da voz no rádio (1994), Frances Dyson foi buscar no mais
remoto passado do ocidente a gênese dessa voz e de seu discurso dominante:
A voz do rádio parece vir a nós
estabelecida, alguma coisa que nós tomamos como garantida, possuindo
características que são fáceis de reconhecer (...) embora essa voz apareça para
o advento do rádio e pareça ter se espalhado durante o século 20, de fato levou
um longo tempo para sua formação, durante a qual acumulou uma séria de traços
que o conectam com as mais profundas estruturas simbólicas e epistemológicas
que governam o pensamento, discursos e as mídias da cultura ocidental”.
(ZAREMBA, 1997, p.151)
Uma voz de mulher ecoou no fundo dos corações das apresentadoras do
Projeto Experimental, que resolveram, então, empolgadas por esses fatos,
registrar a trajetória da locução feminina nas rádios AM e FM cariocas, desde
os anos 30 até os dias atuais, através de um documentário, em CD:
documentar para perpetuar.
“Solte a voz
Tomar bastante água, ter uma alimentação
saudável e controlar o estresse são alguns dos cuidados que ajudam a
preservar suas cordas vocais.
Usar a voz sem tomar alguns cuidados
pode sobrecarregá-la. O resultado pode ser rouquidão e cansaço nas cordas
vocais.
Falar, cantar, conversar e até berrar de
vez em quando são ações naturais. Tanto que a maioria de nós dificilmente
lembra da importância da voz em nossa vida. Pouca gente sabe, inclusive, que há
uma data especial para dedicar maior atenção ao assunto: 16 de abril, o Dia
Nacional da Voz. Na data, fonoaudiólogos de todo o país concentram esforços
para transmitir informação à população”. (REVISTA ANA MARIA, 2002, p. 30)
Tereza Cristina Tesser (1994, p.72) descreve em sua dissertação que o Rio
de Janeiro é o palco das grandes estrelas e que “os cassinos, as grandes
emissoras de Rádio e o “glamour” da Cidade Maravilhosa tornavam o Rio de
Janeiro o principal centro cultural do País. Várias mulheres se destacam nos
mais diversos gêneros”.
“Entre os speakers (locutores),
havia também as mulheres procurando seu espaço como Lúcia Helena, que no ano de
1936, abria na Rádio Nacional, todos os domingos do meio dia às 21 horas, o
programa “Quando os Ponteiros se Encontram ao Meio-dia”. (http://www.evirt.com.br/mulher/cap.10htm)