Presidente do Clube da Voz fala sobre locução publicitária
09 de outubro de 2012 · 13h36
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Em entrevista exclusiva ao Adnews, Fábio Cirello, presidente do Clube da Voz, revelou detalhes da profissão de locutor e afirmou, entre outras declarações, que o fato de amadores se oferecem para gravar por uma baixa quantia é algo maléfico para sua profissão. Cirello também comentou a saída de Bob Floriano da presidência do Clube.
Confira a entrevista completa abaixo:
1 – Por que a escolha de um bom locutor é importante para o anunciante? Além de uma bela voz, quais os diferenciais?
2 – Quais as campanhas mais marcantes com o uso da voz na publicidade?
Hoje, fica difícil falar de campanhas marcantes, mesmo porque, tem que existir um casamento entre ideia, filme, trilha sonora e voz e isso é cada vez mais uma coisa do passado. Quem não se lembra das campanhas daVarig (locuções de Humberto Marçal), do comercial "Hitler" da Folha de São Paulo (locuções de Mario Lima e de Ferreira Martins), das campanhas da Hyiundai (locuções de Ferreira Martins), ou Mastercard "não tem preço" (locuções de Edinho Moreno).
3 – Quais dicas você daria para um estudante de publicidade que decida enveredar por este caminho?
4 – Por que Bob Floriano deixou a presidência do Clube da Voz?
5 – Qual a diferença de um locutor do Clube da Voz e um de fora?
Garantia de procedimento e qualidade. O Clube da Voz é o único portal onde o locutor só entra se tiver mérito, se já for um verdadeiro profissional do mercado, com habilidade, experiência e procedimento ético garantido.
Pode ver que na hora H, as grandes campanhas exigem vozes marcantes. E os locutores do Clube da Voz são sempre chamados.
E assim foi na eleição pra prefeito: as vozes da campanha de Serra e Haddad são de locutores do Clube da Voz.
6 – Há uma predominância da voz masculina na publicidade. Por que isto acontece? A voz feminina não transmite o que o anunciante deseja?
É uma tradição que vem do rádio onde os locutores desde o inicio foram maioria porque as mulheres que trabalhavam fora de casa eram minoria.
7 - Como os locutores publicitários estão se adaptando aos anúncios na web?
O anúncio na web tem uma audiência simultânea pequena se compararmos com TV e rádio. Isso acaba provocando uma adaptação nos cachês pra essa mídia.
8 - Como é a relação locutor vs. agência? Explique, por favor.
O locutor relaciona-se mais com a produtora de som do que com a agência, porque faz tempo que as agências delegaram, e isso contribuiu muito pra banalização das locuções comerciais de TV e rádio. São raras as exceções de locutores se relacionarem com agência.
É difícil algum RTV aparecer pra acompanhar a gravação. E também porque isso não acontece, frequentemente os estúdios solicitam a gravação a locutores que gravam em home estúdio, sem nenhum acompanhamento da agência ou do próprio estúdio de som.
9 - Existe algo que não abordamos que você gostaria de ressaltar?
Sim. O descrédito da profissão através da internet, com milhares de pessoas que acham que possuem uma voz boa e se oferecem pra gravar por cinquenta reais. É preciso normalizar a profissão de locutor comercial. Ou então, fazer valer o registro profissional (DRT) de radialista (locutor é uma profissão regulamentada).
O departamento comercial da maioria das emissoras de rádio produz comerciais toscos com locutores de plantão, pagando-lhes valores simbólicos ou inclusos no próprio salário… O resultado é um intervalo comercial insuportável, com textos óbvios, sem criatividade, sem trilha e sem acabamento. Em algumas rádios, há intervalos inteiros com a mesma voz. A audiência cai, pode ter certeza.
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