quarta-feira, 24 de agosto de 2011

3.4 As contadoras de história


Nesses anos todos no rádio são muitas as histórias para contar. As locutoras relataram as suas trajetórias de vida em um tom saudosista. E vão amando, dominando melhor e tendo mais prazer naquilo que fazem. Algumas citam uma certa desvalorização por algumas rádios, outras enfrentaram preconceitos dentro de casa da própria família, que achavam que o ambiente não era propício para moças.

"... comecei no rádio aos 8 anos, declamando num programa infanto-juvenil da Rádio Vera Cruz; depois fui para a Rádio Clube Fluminense, para o Programa do Guri, do Silveira Lima; depois o programa veio para a Rádio Mauá e aí, além de declamar, passei a fazer rádio-teatro e locução comercial, tudo dentro do Programa do Guri. Trabalhei em várias outras rádios - em programas de estudantes (Roquete Pinto, Rádio Nacional, Rádio da Polícia, Rádio Tamoio - Clube do Guri - ...) - fiz teatro amador e shows em praças públicas, clubes e teatros. Aos 11 para 12 anos, tornei-me rádio atriz profissional da Rádio Tamoio, depois das Associadas (Tamoio e Tupi), por fim da Tupy - quando tive oportunidade de estrear a TV no Rio de Janeiro contracenando com José Mojica, no primeiro e no último programa dele numa série de 7, se não me engano; foi no lançamento,  experimental ainda, da TV carioca. Dali fui trabalhar no rádio-teatro da Rádio Nacional e lá fiquei até 18 anos, quando papai me proibiu de continuar, pois o juizado de menores já não tinha mais jurisdição sobre mim e não podia obrigar as emissoras a permitirem a presença de papai sempre a meu lado, tanto nos ensaios como no estúdio radiofônico; tinha-me formado em professora e fui lecionar, fazendo, daí em diante, só teatro amador para crianças, com grupo de professores, alunos de faculdade (onde ingressei em 59)... Foi quando a Literatura, a minha literatura, que antes era só brincadeira, embora o sonho de ser escritora pairasse em meu espírito, começou a ter mais relevo... mas toda a produção ia pro fundo da gaveta... Fundei jornais em Escolas e Associação Jornalística... editei revista estudantil... Tive vários convites para voltar ao teatro profissional, mas... já tinha então filhos pequenos que dependiam de meu ganho no magistério... não podia arriscar em teatro, quando o teatro ainda era uma aventura, a não ser que o nome do artista estivesse já entre os das grandes estrelas... tinha também um casamento, cujo marido não me conhecera no teatro - este que requer uma outra maneira de viver e, como eu tentava, a todo custo, salvar a droga do meu casamento, foi esse mais um peso na minha decisão de não aceitar as propostas de tudo largar e partir com as companhias... É esta, em resumo, a minha vida de artista amadora e profissional”. (CASTRO, 26/04/04)

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