quarta-feira, 24 de agosto de 2011

2.11 A construção do cd


A união da elaboração e transformação da idéia central em um conjunto de informações, pesquisas e fatos, resultaram na realização da produção do documentário em cd concluído a ser apresentado.
Nas laudas, que são as folhas utilizadas para escrever o roteiro, foram descritas as informações técnicas e o texto a ser lido, onde foram usadas as seguintes nomenclaturas:

TÉCNICA - Para orientar os comandos técnicos ao sonoplasta; e
FÁTIMA OU DIRCE (Nomes das apresentadoras) - Para orientar as apresentadoras com os textos que deverão ser lidos.

Através do som é captada a atenção dos ouvintes, então foi determinada uma velocidade dos movimentos entre músicas, locução e vinhetas. Devido ao CD não possuir imagem, foi preciso estruturar, também, o ritmo no documentário, pois as variações despertam mais a curiosidade do ouvinte.
As apresentadoras do projeto atentaram para a inflexão de voz e ritmo da leitura dos textos construídos de uma maneira clara e objetiva.

“Boa voz, leitura, raciocínio rápido e visual para entender as diferentes inflexões de um texto, ouvido atento, estudos, e o desejo de estar sempre aprendendo. Uma profissional que consegue ter sua personalidade identificada e colocá-la a serviço do texto, ou seja, não transformando todo tipo de leitura na mesma leitura. Isso seria perda de informação, ao contrário, a boa profissional sabe julgar o limite de sua personalidade-voz e o que precisa ser transmitido, a informação”. (ZAREMBA, 02/07/04)

Foram verificados os meios logísticos necessários para concretizar a idéia e os recursos técnicos disponíveis no estúdio, calculando o ritmo e a forma do produto pronto; com isso, todos os elementos da produção foram trabalhados, como o fundo sonoro (BG - background) e as vinhetas.
Os recursos empregados foram poucos, por falta de disponibilidade dos mesmos, mas, com o tempo e criatividade, foram vencidas as dificuldades técnicas.
O documentário foi preenchido com 80% de comunicação e 20% com músicas. A instantaneidade da notícia sem a imagem, e a voz, como o principal instrumento de trabalho: características pertinentes ao rádio, um meio de comunicação popular e que não perde o contato com o público, apesar dos avanços da eletrônica e da informática. Sem esquecer que o tema principal do projeto é a locução feminina.
“Fim de século! Século da televisão? Talvez. Porém sem dúvida, o século do rádio. Rádio! Notável companhia, insubstituível meio de comunicação. Esquecendo-me de muitos nomes hoje envio daqui o agradecimento mudo de milhões de pessoas aos nomes que se seguem. Eles nos trouxeram arte e alegria. Amanhã lembrarei outros. Ajudem-me. Mas por enquanto, obrigado, muito obrigado”. (TÁVOLA, 1999)

O CD traz as experiências das locutoras, mostrando o dinamismo e a contemporaneidade dessas mulheres que fizeram a história do rádio. Narrando um breve histórico das comunicadoras, do prazer em trabalharem como radialistas, da sua paixão pelo rádio, das emissoras as quais passaram, de como iniciaram no rádio e de como descreveram as agruras pelas quais já enfrentaram.
É um material jornalístico valorizando as locutoras que emprestam as suas vozes para o espaço radiofônico.
O Compact Disk foi composto somente por áudio, não dispondo de imagem; por opção, o material informativo vem gravado e fechado, não sendo interativo.
Usou-se o recurso musical, com trilhas musicais que dão significado à própria história da mulher.
O elemento musical do documentário demonstra que a música é um dos elementos da linguagem sonora que pode interferir de forma decisiva no conteúdo. As faixas selecionadas foram pensadas como informação e não apenas como adereços para contribuir na construção do ritmo e do ambiente proporcionado.
Outros elementos utilizados foram as propagandas e as vozes das locutoras, que perpassam todas as décadas, contextualizando-as. A propaganda deu uma leveza para o material sonoro e impressão de que o documentário está sendo veiculado numa emissora de rádio.
Dessa forma, a história das locutoras se relacionará com a do rádio e da música popular brasileira. E nem sempre foi utilizada a palavra para contá-las. Muitas dessas histórias são passadas pela emoção, pela sonoridade.
Algumas gravações que não foram encontradas nos arquivos sonoros das emissoras de rádio foram forjadas. No entanto, esse boletim radiofônico fictício não tirará a credibilidade do documentário por não ter destoado dos verdadeiros. As informações factuais dialogaram com as sonoras dos entrevistados, com as músicas, com as duas apresentadoras costurando a narrativa com agilidade.
Ao ouvir comentários sobre as locutoras que faziam programas de épocas antigas, por exemplo, trará a possibilidade de visualizar esses momentos históricos e de transportar o ouvinte para o tempo passado, única e exclusivamente a partir do som. Para que então apelar para a imagem se o som pode produzi-la na mente do receptor?
A sonoplastia foi utilizada como em narrativas de teatro e cinema, mas sem exagero para não tornar o documentário inverossímil. O objetivo foi trazer harmonia e melodia ao texto.
Os depoimentos orais das entrevistadas foram valorizados, afinal elas vivenciaram as diversas épocas da construção da história da mulher no rádio. As protagonistas são, portanto, as locutoras do rádio carioca, e não as apresentadoras do documentário.
As entrevistas não foram apresentadas na íntegra, mas foram escolhidos os melhores momentos, com muita informalidade na linguagem oral.
As vozes das apresentadoras entram em meio aos relatos para identificá-los. Cada entrada dessas vozes lembra o ouvinte à trajetória do CD.
São vozes femininas amadoras que identificam outras vozes femininas profissionais fazendo um elo entre as diversas narrativas.
O CD-player utiliza a mesma linguagem oral que o rádio.  Ambos os suportes têm um discurso sonoro, invisível, composto pela palavra, música, ruído e silêncio. O que os diferencia é a enunciação em tempo real, ou seja, emissor e receptor não compartilham o mesmo contexto temporal. E é justamente esta diferença que propicia as vantagens e desvantagens do CD como suporte para o áudio.
A vantagem do CD é a possibilidade de servir como arquivo de memória de determinada informação com qualidade de som digital, característica que o aproxima mais do computador do que do rádio. Ao contrário deste veículo, o fato do material a ser ouvido estar gravado e não ser transmitido ao vivo permite ao receptor assimilar a informação na hora em que quiser.
O CD se destaca por armazenar um conteúdo sonoro por tempo indefinido. O que não acontece no rádio, que tem como característica a instantaneidade e o imediatismo. Ambos, no entanto, envolvem o receptor emocionalmente a partir de sua linguagem persuasiva e permitem a evocação de imagens, assim como outras sensações táteis, de olfatos e sabores.
O CD é também de fácil acesso, por exemplo, num país como o Brasil, onde muitos dispõem de um aparelho de som do tipo três em um e poucos de um computador. Atualmente, pode ser ouvido no carro ou em qualquer outro local que tenha o aparelho apropriado.

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