quarta-feira, 24 de agosto de 2011

4 AS MAGAS DA COMUNICAÇÃO VÃO EVOLUIR CADA VEZ MAIS

Concluindo, fica ressaltada, mais uma vez, a falta de material bibliográfico sobre o tema estudado e a reflexão sobre o assunto das mulheres como locutoras. Com algumas exceções, há respeito pelo trabalho delas e a cada dia que passa, elas evoluem cada vez mais, conquistando novos terrenos no campo da locução.
A reação do público será um bom termômetro na avaliação do documentário, pois a idéia foi misturar informação, informalidade e bom humor.
A discussão e o questionamento sobre a presença da mulher no rádio, assim como outros assuntos ligados à área, devem sempre estar presentes no meio acadêmico e profissional do Radialismo, como forma de adaptar o estudante e futuro profissional na sua relação com a sociedade.
O documentário sobre a locução feminina no rádio carioca foi um produto de mais de um ano de pesquisa, onde foram feitas mais de 50 (cinqüenta) entrevistas no geral, sendo gravadas mais de 20 (vinte) horas de conversas; consultadas centenas de publicações; e analisadas várias fitas de áudio e vídeo. O resultado foi uma reconstituição da história da locução feminina, com diversos depoimentos de profissionais da área, não ficando de fora os bastidores do rádio.
É preciso que se compreenda que não foi possível reunir todas as locutoras que passaram pelas Rádios AM e FM cariocas. Muitas ficaram de fora, não por discriminação ou preferência pessoal, mas, simplesmente, pela limitação de tempo e pela falta de retorno de algumas, inclusive a locutora Ana Flores, que atualmente trabalha na TV Litoral de Cabo Frio, por motivo de força maior, doença, apesar de ter gravado em mp3 a sua entrevista, depois de contatos telefônicos e envio das perguntas por e-mail, não conseguiu enviar o arquivo, mas entrou em contato para justificar o seu impedimento e tristeza por não ter conseguido contribuir para a realização do Projeto. Com mais de 20 anos de rádio, Ana Flores, passou pelas Rádios 105 FM, 98 FM, JB FM, Globo AM, Mania FM, entre outras.
A dedicação; o esforço; a intenção; o empenho; a vontade; e o interesse rondaram as alunas durante toda a execução do Projeto, que tiveram como base a linha diretiva depreendida de todas as aulas assistidas. O tema não saiu em nenhum momento da mente das autoras do projeto, as quais dormiam, sonhavam e acordavam pensando sobre o que fazer para melhorar o trabalho.
As pesquisas foram fundamentadas em diversos livros, um trabalho digno da qualidade exigida e das explicações recebidas dos professores, profissionais de comunicação, colaboradores e orientadores.
Foi muito bom ter entrado em contato direto com a prática do radialismo, tiveram o privilégio de entrevistar Divas do Rádio, donas de vozes de ouro, disputadas, ontem e hoje pela mídia sonora e para “offs” de televisão. Foi procurada a grande responsável por muitas das vozes e inflexões perfeitas ouvidas no rádio e na TV, a fonoaudióloga Glorinha Beuttenmüller, que contou muitos dos seus segredos.
Na palavra da Glória, a glória da palavra
A voz é aguda, quase estridente, embora às vezes adquira uma surpreendente suavidade. A boca emite sons eloqüentes, mas sem nenhum excesso. Nada se perde do que diz. Lembra um instrumento afinado por mãos competentes e animado pelo sopro mágico de um artista.
Chama-se Maria da Glória Beuttenmüller, ou Glorinha Beuttenmüller. Seu ofício é ensinar a falar. Recorrem a ela todos os que precisam da voz para o perfeito desempenho de suas atividades. Artistas, comunicadores, políticos, advogados e o próprio Presidente da República. Não faz distinção entre os que a procuram. “Atendo criaturas humanas” – diz. “O que me interessa é a criatura humana, sem a roupagem com que costumamos vesti-la. (PESSÔA, 1998, p.17)

Foi entrevistado o radialista Luiz Carlos Saroldi, uma enciclopédia ambulante, que ajudou a resgatar muitos nomes do inicio do rádio. Foram conversar com o jornalista Luiz Antônio Mello, um dos criadores da Rádio Fluminense FM, que abriu a porta para muitas locutoras.
A Rádio Fluminense nasceu a partir de uma idéia de um amigo do Luiz Antonio Mello, Samuel Wainer, o Samuca, que queria fazer uma rádio de rock e juntos fizeram o programa Revolution. Luiz Antonio Mello estava saindo da Rádio Jornal do Brasil AM, após 10 anos de trabalho, e apresentou o projeto do Samuca para a Rádio Fluminense, que estava passando por uma reformulação total. O consultor do Grupo Fluminense, João Luiz Faria Neto, aprovou o projeto Revolution. “Ele até que engordou a nossa idéia com algumas sugestões tipo: por que vocês não colocam umas meninas falando para realçar?”
No dia 1º de março de 82, às 6 horas da manhã, a Maldita entrava no ar com uma menina, a Selma Boyron, que nunca tinha visto nem o equipamentos antes. “Você fica mais interessante quando está ouvindo a Fluminense” ou então “Você não é convencional só porque está ouvindo uma rádio convencional! Agora, você é diferente se estiver ouvindo a Fluminense!” Estes slogans sutis feitos pela produção conquistavam a audiência feminina porque no início, segundo Luiz Antonio Mello, a audiência era 70% masculina. Quanto às locutoras, ele diz: era bom ouvir um rock de peso como o Led Zeppelin anunciado pela voz feminina. As locutoras da Maldita eram um grande laboratório para a produção. A grande maioria não conhecia muito rock`roll e hoje todas são ligadas no rock`roll. (DUCHE, 1989, p.8)

Foram buscadas raridades para a confecção do presente trabalho, como as antigas locutoras do início do rádio, Jacyra Gomes e Marilza de Castro, pelas quais as alunas foram recebidas. Uma odisséia em busca do passado, porque talento não tem época.
Visitaram quase todas as rádios; sebos de livros e discos; bibliotecas; livrarias; museus; e sindicato dos radialistas, onde conseguiram as normas e procedimentos para o registro profissional do radialista, que se encontra nos anexos do relatório, pesquisaram onde foi possível. A maioria das entrevistas foi feita pessoalmente, outras recebidas por e-mail, com depoimentos de vários profissionais do rádio, entre homens e mulheres.
A reação dos entrevistados foi um bom termômetro na avaliação do trabalho, pois todos gostaram e sentiam a falta de um registro sobre o tema. Famosas apresentadoras se sentiram lisonjeadas, importantes em serem entrevistadas por alunas de Comunicação da UFRJ.
Foram ouvidos depoimentos sinceros e honestos de mulheres maravilhosas, dispostas a dividirem suas experiências com todos os amantes do rádio... Ícones do rádio AM e FM: Cidinha Campos, Daisy Lucidi, Nena Martinez, Zora Yonara, Juçara Carioca, Monika Venerabile, Adriana Riemer, entre tantas outras foram entrevistadas. Até quem não é mulher no seu ser, mas que a admira e a imita, prestigiou o trabalho, como a “locutora” drag-queen Andréia Gasparetty.
Criar em TV é mais fácil que em rádio, pois o recurso da imagem auxilia bastante. Em rádio é mais difícil. Quando o radialista André Luiz, formado nas FMs do Rio de Janeiro, criou o personagem “Andréia Gasparetti” – foi uma novidade muito bem-vinda. Ele, apesar de se afirmar heterossexual, criou uma excelente drag queen divertida e escrachada que melhorou a audiência das emissoras por onde ele passou.
A fórmula parece ter se desgastado com o tempo, mas o criador continuou a vestir-se de drag em shows ao vivo e a defender seus preciosos cachês ao longo do tempo.
André, profissional tarimbado, teve essa idéia criativa depois de anos de batalha em rádio... (GRAMÁTICO, 2002, p. 62)

Fica aqui a certeza de que tudo foi realizado buscando o melhor. Contudo não se espera que todos dêem razão, mas que não esqueçam que houve o desejo de acertar, pois não existem atitudes perfeitas e sim perfeitas intenções.

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