quarta-feira, 24 de agosto de 2011

3.8 A evolução da locução


“O rádio é outro mundo. Há diferenças fundamentais entre as estruturas de rádio e da televisão. Os efeitos sonoros representam papel importantíssimo no rádio. Na falta de imagem, o ouvinte visualiza o fato narrado através dos estímulos sonoros que recebe. Podemos dizer que vê com os ouvidos. Por isso é que a locução radiofônica é enfática. O rádio exige um colorido vocal, uma tonalidade, um ritmo e até mesmo um tipo de pronúncia, com erres mais exagerados, que não cabem na televisão, embora ela tenha adotado por muito, erradamente, um estilo radiofônico de locução. César Ladeira e Heron Domingues fizeram escola. O tom apocalíptico do Repórter Esso marcou toda uma época. È verdade que o rádio evoluiu sensivelmente. Os locutores do gênero dramático já são raros. Inteligência e sensibilidade estabeleceram o ponto de equilíbrio, onde a ênfase é necessária e aceita e o exagero é repelido”. (BEUTTENMÜLLER apud PESSÔA, 1998, p. 19)

O timbre grave, colocado e formal dos locutores tradicionais deixou de ser o único caminho a seguir. Na rádio, os tons mais naturais e descontraídos conquistaram terreno.
“Foi-se o tempo dos vozeirões no rádio, mas segue sendo indispensável ter consciência de que, como todos os aspectos de uma atividade profissional, falar ao microfone exige uma técnica apurada em que diversos elementos expressivos mesclam-se”. (FERRARETTO, p.307)

Antigamente as locutoras tinham aquilo que, em rádio, se chama 'voz de cama ou de motel’; com o tempo foram se diversificando.
Glorinha Beuttenmüller (s/d, p. 13) cita em seu livro “Locução e Tv” que “a locução radiofônica exigia, portanto, um colorido vocal, uma tonalidade, um ritmo e um tipo de pronúncia que, com todas as suas virtudes, cacoetes e exageros, tornaram-se praticamente padrões”.
“De quem usa a voz ao microfone, as emissoras exigem hoje muito mais uma clareza expressiva do que o vozeirão dos anos dourados do rádio, como explica o diretor da Escola de Rádio, Ruy Jobim:
“O importante é a comunicação, e não tanto a voz. Para ser um bom locutor é preciso ter comunicação fácil, simples e imediata. Antigamente, ou a pessoa nascia com a voz, ou nada feito”.
Também não existe um padrão genérico no rádio como um todo, ao qual o indivíduo tem de se adaptar. O que ocorre é uma adequação ao estilo e ao público da emissora. A rádio FM jovem vai exigir um tipo de comunicador que transmita a imagem desejada pela empresa na programação. Este padrão tende a ser bem diferente do adotado pela emissora em AM dedicada ao jornalismo, que poderá preferir uma voz mais grave dentro do que se convencionou como expressão de seriedade”. (FERRARETTO, p. 310)

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